Liderar é dar espaço

Como líderes, falhamos miseravelmente na arte de ouvir, porque acreditamos que nosso papel é dar direcionamento e nos esquecemos da importância de ouvir, conhecer e apoiar nossos liderados, dando espaço a eles.

24/03/2023

Nos dias atuais andamos todos apressados. No mundo corporativo ainda mais, correndo atrás de metas, buscando resultados, esperando sre reconhecidos, aplaudidos, promovidos. Na velocidade dos nossos dias, amplificada pelo mundo digital, raramente estamos presentes, abertos e disponíveis para o outro. Como líderes, falhamos miseravelmente na arte de ouvir, porque acreditamos que nosso papel é dar direcionamento.

Assim como na infância não fomos ouvidos pela nossa mãe, mas recebemos dela “educação” para ser um bom menino ou uma boa menina, agora não somos ouvidos pelos nossos líderes, mas temos um caminho a seguir para sermos funcionários destacados. E assim vamos perpetuando esse ciclo de pressa e desconexão.

A reação a esse “não sermos ouvidos”, pode ser falar mais e cada vez mais alto acerca do que vemos, queremos e acreditamos. Até que nossa fala perca poder. Ou ainda, enclausurar-se nos seus pensamentos e julgamentos acerca do outro e do mundo. E esse julgamento, mesmo que não srja desdobrado em palavras, aparece na expressão facial, na energia de distanciamento. E isso impede que os outros se aproximem e se permitam compartilhar conosco seus medos, falhas, angústias e ideias malucas.

Nós só podemos liderar pessoas quando as conhecemos.

Quando identificamos seus potenciais e talentos, quando somos empáticos e compassivos com suas debilidades e pontos cegos. Só assim poderemos acompanhar verdadeiramente o caminho de desenvolvimento dos nossos liderados.

Quanto mais “certezas” temos sobre a vida e sobre como as coisas deveriam ser, quanto mais seguros estamos sobre “o caminho certo a seguir”, mais então restringimos o espaço do outro. E o melhor jeito de nos aproximarmos do outro é sendo espaço e não bússola.

Acreditar que a minha forma de enxergar a vida e percorrer um caminho é melhor, que minhas preferências, impulsos, hábitos, opiniões e condicionamentos que chamamos de “eu” são mais acertados que os do outro, nos distância e nos impede de exercer a verdadeira liderança.

Ser líder é ser espaço, não direcionamento. 

Ser direcionamento é ser interessante. Quando somos interessantes podemos obter uma legião de seguidores que se inspiram no nosso caminho e que acreditam que se fizerem o mesmo percurso conseguirão desenvolver-se.

Ser espaço é interessar-se pelo outro.

Interessar-se é muito mais do que comunicar quem você é ou o que você faz. É dar espaço para o outro. É abrir mão da atitude romântica de querer ser alguém especial para deixar uma marca no mundo ou na vida de alguém e escolher viver sem deixar marcas ou pegadas, apenas apoiando as vidas ao redor.

Quando somos espaço para o outro, funcionamos como uma sala ampla e vazia: quando alguém entra gritando, aquilo ecoa, a pessoa se ouve e ela mesma começa a ajustar seu tom de voz. O outro precisa se ouvir. É como o silêncio: quem já chegou atrasado a uma prática de yoga em grupo sabe a sensação de encontrar um ambiente genuinamente silencioso. Nossa agitação fica evidente, como se alguém tivesse aumentado o volume de nossos pensamentos. O silêncio nos apresenta a nós mesmos.

Ser silêncio é ser espaço.

Quanto mais nos tornamos espaço, mais nos tornamos tempo.

Tempo é a moeda mais valiosa que temos hoje.

Quanto tempo você tem dado importância e, de fato, se dedicado a ouvir, conhecer e apoiar os seus liderados no seu caminho próprio e genuíno de desenvolvimento?

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